Sindicato denuncia más condições de trabalho no CDP de Americana


O Sindicato dos Funcionários do Sistema Prisional do Estado de São Paulo (Sifuspesp) está oficiando a diretoria do Centro de Detenção Provisória (CDP) de Americana e a Coordenadoria da Região Central do Estado para cobrar melhores condições de trabalho na unidade. O Departamento Jurídico do sindicato também vai oficiar a Justiça do Trabalho sobre a situação, no escopo da ação civil pública pela proteção da categoria contra o coronavírus, ajuizada pelo Fórum Penitenciário Permanente, formado pelo SIFUSPESP, o SINDASP e o SINDCOP.

Dois policiais penais morreram infectados pelo novo coronavírus (COVID-19) no CDP, o mais recente foi neste 20 de julho, do servidor Celso Luiz Prado, e também Vanderlei de Almeida, em 23 de junho. Na mesma unidade, ocorreu o terceiro caso de contágio pela COVID-19 no sistema prisional paulista, confirmado em março pelo sindicato.  Segundo informações apuradas pelo SIFUSPESP, até o momento chegaram apenas 26 testes no CDP e para os detentos, sem a testagem em massa tanto para servidores quanto para os detentos para impedir que o contágio tome proporções ainda piores.

Apesar dos casos e do grave quadro da pandemia em São Paulo, o sindicato também tem recebido diversas denúncias sobre falta de equipamentos de proteção individual (EPIs) para os servidores penitenciários e de fornecimento de produtos básicos para higiene da população carcerária, como máscaras para os detentos e até sabonete para os presos que estão de quarentena por suspeita de contágio.

Com capacidade para 640 presos, o CDP de Americana têm atualmente 1.299 detentos e, mesmo com a superlotação, há celas interditadas por falta de manutenção da automação, que não é realizada porque a diretoria da unidade não toma providências. Há cerca de um ano e meio, o acrílico do pavilhão A está quebrado e segue sem conserto também por falta de iniciativa da direção do CDP.

Presidente do SIFUSPESP, Fábio Jabá critica a postura do diretor da unidade, alertando que a falta de providências piora ainda mais as condições de trabalho dos servidores e ainda expõe a todos, tanto trabalhadores quanto detentos, aos riscos de contágio pela COVID-19.

“O CDP de Americana está entre as primeiras unidades prisionais de São Paulo onde o coronavírus foi confirmado entre os servidores, e o que se esperava pela gravidade da pandemia era o aumento de cuidados e da prevenção, mas não é o que está acontecendo, ao contrário”, alerta o dirigente.

Ainda segundo Jabá, apesar da morte dois servidores na mesma unidade em menos de um mês “não há  EPIs suficientes e nem sequer sabonete para higiene de detentos isolados por suspeita da doença. É revoltante e inacreditável que a diretoria siga inerte e com tamanho descaso com a vida”, critica o sindicalista.

Até o fechamento dessa publicação, a Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) ainda não havia se manifestado.

Fonte: Sifuspesp

Atualização: No começo da noite de hoje (23), a SAP encaminhou a seguinte nota:

“As alegações do sindicato estão divorciadas da verdade.

A Secretaria da Administração Penitenciária informa que hoje (23) foram testados 88 funcionários do CDP de Americana, sendo que os demais funcionários serão testados amanhã (24), bem como os presos da unidade.
Atualmente as unidades contam com ampla oferta de equipamentos de proteção individual (EPIs) que estão a disposição dos servidores para exercerem o seu trabalho. Foram distribuídos aos agentes  plantonistas e aos diaristas, que têm contato direto com presos, máscara de proteção N95, para reforçar a prevenção.

A Pasta ainda tem realizado busca ativa para casos similares à Covid-19 em toda a população prisional. Estamos seguindo ainda as determinações do Centro de Contingência do coronavírus e avaliamos permanentemente o direcionamento de ações para o enfrentamento do problema. Medidas de higiene e distanciamento preconizados pelos órgãos de saúde foram aplicadas, foram suspensas as atividades coletivas; a limpeza das áreas foi intensificada; a entrada de qualquer pessoa alheia ao corpo funcional foi restringida; foi determinada quarentena para os presos que entram no sistema prisional; realizado o monitoramento dos grupos de risco; ampliação na distribuição de produtos de higiene, álcool em gel e sabonete e distribuição de Equipamentos de Proteção Individual. Salientamos que a gestão de servidores, inclusive a distribuição nos locais de trabalho, cabe à direção da unidade prisional”.

 


Facebook

Publicado em: 23 de julho de 2020 Autor: keller stocco Categoria: AS BALAS DA POLICIA

POSTS RECENTES

www.depositosaomanoel.com.br